Análise das candidaturas a prefeito do Rio de Janeiro

Eduardo Paes – PMDB/PRB/PP/PDT/PT/PTB/PSL/PTN/PSC/PPS/PSDC/PRTB/PHS/PMN/PTC/PSB/PRP/PSD/PC do B/PT do B
É candidato à reeleição, e aparece nas sondagens em torno dos 50% dos votos. É uma candidatura pragmática, que tem como principais trunfos o fato do Rio de Janeiro sediar grandes eventos internacionais nos próximos anos e as obras realizadas como conseqüência dessa escolha.
Enfrenta uma grave crise na saúde, na qual as UPAs e Clínicas da Família tem se mostrado ineficientes, e herda a “maldição” da aprovação automática, que contribuiu para puxar os indicadores educacionais para baixo.
Possui o apoio do governador Sergio Cabral, do mesmo partido, que enfrenta graves denúncias de corrupção e improbidade, e da presidenta Dilma Rousseff, que apresenta altíssimos índices de popularidade. Seu vice é o petista Adilson Pires, atualmente vereador.
Construiu uma aliança de 20 partidos (lembrando que 29 partidos disputam o pleito), o que é apontado por muitos políticos e analistas como prejudicial ao processo democrático. Dentre os aliados, muitos são acusados de crimes que vão desde a formação de milícias até associação ao tráfico. Outra questão levantada é como Paes fará para abrigar o enorme número de aliados na máquina da prefeitura, e como foram/serão realizadas essas negociações.

Marcelo Freixo – PSOL
É tido como o único candidato capaz de fazer frente a Eduardo Paes, e levar a eleição para um eventual 2º turno. Possui um discurso combativo e denuncista, mas ideologicamente fraco e evasivo. É membro de um partido considerado sectário, que levanta bandeiras pós-modernistas como a descriminalização do uso da maconha e casamento gay, o que gera insatisfação e temor nos eleitores moderados e conservadores. Apesar disso, Freixo ganha muitos adeptos de diferentes vertentes políticas insatisfeitos com a atual administração peemedebista.
Tem como ponto forte a popularidade que obteve após presidir a CPI das Milícias, que levou à prisão diversos líderes de grupos para-militares, chegando a inspirar o personagem Fraga no filme “Tropa de Elite 2”.
Tem grande penetração entre o eleitorado jovem. Porém, pelo perfil de seu partido e de sua própria candidatura, não consegue penetrar nas camadas mais populares da cidade, como a Zona Oeste. Mais um problema é a falta de estrutura de seu partido, e com qual equipe governará a cidade em um possível mandato.
Seu vice é o músico Marcelo Yuka, pertencente ao mesmo nicho social que Freixo, o que pouco acrescentará na busca pelo voto popular.

Rodrigo Maia – DEM/PR
A candidatura de Rodrigo Maia é considerada uma das mais polêmicas na história do Rio, pelo fato de unir duas figuras políticas que foram adversárias ferrenhas por quase 20 anos: Cesar Maia e Anthony Garotinho, que uniram forças para tentar fazer frente à hegemonia do PMDB na política carioca e fluminense. A vice de Rodrigo Maia é a filha de Garotinho, a deputada estadual Clarissa Garotinho.
Possui altíssima rejeição justamente pelo fato de ser filho de quem é. Sua candidatura agrega os eleitores de perfil conservador e “populista”, dentre eles os evangélicos apoiadores de Garotinho. Seu ponto fraco é o contestado mandato de Cesar Maia entre 2005-2009. Seu partido também sofreu um processo de esvaziamento com a criação do PSD, dissidência que hoje apóia o PMDB.
Apesar de ter vasto currículo político com pouca idade, Rodrigo Maia não possui perfil carismático, o que pode dificultar a busca pelo voto em regiões onde Eduardo Paes tem melhor desempenho.

Otávio Leite – PSDB
O advogado e deputado federal Otávio Leite se encaixa no mesmo perfil de Rodrigo Maia. Leite inclusive foi vice de Cesar Maia entre 2005-2006.
Acredito que seja apenas para marcar posição, e projetar o nome do PSDB no Rio de Janeiro, que em toda a história ganhou apenas a eleição de 1994 com Marcello Alencar, muito mais por causa da popularidade do candidato que por outro motivo. A cada eleição no Rio, o PSDB piora seu desempenho eleitoral.
É preciso que o partido mostre que ainda está vivo e possui candidato. E é óbvio que a candidatura de Otávio Leite serve para projetar seu nome, visando o pleito de 2014, na qual possivelmente ele buscará a reeleição ou disputará outro cargo eletivo. Conquista principalmente o voto de portadores de necessidades especiais e idosos. Seu vice é o médico Geraldo Nogueira.

Aspásia Camargo – PV
O mesmo perfil de Otávio Leite e Rodrigo Maia.
Para o PV, ficaria muito mal não lançar candidatura própria após o excelente desempenho que Gabeira obteve nas eleições de 2008, quando não foi eleito por cerca de 50 mil votos, e de Marina Silva em 2010, quando obteve quase 20 milhões de votos para presidente. Apesar do bom desempenho, o PV não cresceu em número de mandatos, nem de filiados, e após problemas internos, a própria Marina Silva saiu do partido.
A professora Aspásia Camargo tem também o mesmo objetivo que Otávio Leite e Rodrigo Maia, que é o de mostrar que seu partido está vivo. Seu voto é restrito à elite econômica e social da Zona Sul, tanto que seu vice, Alfredo Piragibe, foi presidente da associação de moradores do Jardim Botânico, o que nada acrescenta à candidatura de Aspásia em relação ao voto em regiões periféricas.
E claro, como é deputada estadual, a visibilidade como candidata majoritária favorece sua reeleição.

Fernando Siqueira – PPL
Siqueira é engenheiro da Petrobras, e foi candidato a deputado federal pelo PDT em 2010. Seu partido disputa sua primeira eleição, já que foi legalizado apenas em 2011. Sua candidatura, obviamente, é para apresentar o PPL e dar a ele visibilidade, apesar da estrutura ainda precária e o pouco tempo de televisão. Pesa também contra Siqueira o fato do PPL não possui mandatos na Câmara municipal e na ALERJ, e de ser desconhecido por grande parte do eleitorado.
Com a ausência de candidaturas de partidos como PT, PDT e PSB, pode angariar votos entre eleitores de perfil nacionalista e progressista.
Seu vice é Irapuan Santos.

Cyro Garcia – PSTU
O ex-deputado federal Cyro Garcia é mais uma vez candidato com o objetivo de marcar posição e divulgar as idéias de seu partido. Não possui perfil agregador, e seu voto é restrito aos jovens e setores políticos extremistas.
Possui estrutura precária, e seu partido não possui mandatos em nenhuma esfera de poder no Brasil inteiro. Tem como vice Marília Macedo.

Antonio Carlos – PCO
O mesmo perfil de Cyro Garcia, porém mais sectário. O professor Antonio Carlos não tem por objetivo ser eleito, e sim levar adiante a pregação ideológica de seu partido. Repudia a política de alianças, até mesmo com outros partidos radicais, como o próprio PSTU.
Seu vice é Neuder Bastos.

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