Ouço muita gente dizer que a
revolução tecnológica facilitou nossas vidas, que no capitalismo em sua fase
“pós-moderna” temos mais acesso à informação, sabemos mais das coisas, notícias
de tudo quanto é lugar, só não estuda “quem não quer”, e outras afirmações
feitas categoricamente.
Mas a história não é bem assim.
Temos um preço a pagar, e ele não é barato. Num país onde milhares de
municípios não possuem bibliotecas, a educação pública realmente não cumpre sua
função social principal: a de educar.
Se a educação não é um dos meios
para se obter conhecimento, outros dispositivos “cumprem” essa função. Falo da
TV e da internet.
A TV é um meio de comunicação
cada vez mais obsoleto em questão de conteúdo aberto. Programas de baixo
padrão, jornalísticos sensacionalistas, humorísticos que nem sempre remetem à
comédia, e por aí vai. A saída é fugir para a TV paga, que não é acessível para
a grande maioria da população. “Mas são só 39 reais nos 6 primeiros meses”,
alguém pode pensar. Mas num país onde milhões ainda vivem abaixo da linha da
pobreza, ter TV paga é a última opção.
Fugindo da TV, temos o grande
produto da onda globalizante: o computador. Hoje em dia, só tem acesso ao
conhecimento quem tem computador. Mas para ter um, obviamente, é necessário
comprar. E não é qualquer um que pode comprar à vista. A maioria compra em
lojas populares, parcela a juros exorbitantes, pagando no fim das contas outro
computador.
Para usar um computador, é
preciso fazer um curso, comprar apostilas, adquirir conhecimento. E isso não é
de graça, na maioria das vezes. Quando é de graça, ou é um cursinho público do
governo ou patrocinado por algum político.
Além disso, a internet no Brasil
não é das mais baratas, a banda larga é inacessível na maioria dos lugares, e
muitas das vezes ineficiente. Quando se acessa a internet, os principais
provedores de conteúdo pertencem a grupos de comunicação que dominavam
anteriormente as rádios, jornais e canais de TV. E eles deixarão as pessoas
pensarem? Não. O conteúdo divulgado nesses jornais é sempre de acordo com a
linha política desses grupos econômicos e de seus anunciantes, que tem por
objetivo transformar a todos em massa de manobra, simples consumidores e
reprodutores.
E aí? Será que a globalização e
a revolução tecnológica facilitaram assim nossas vidas? Se você está lendo isso
agora, com certeza é um privilegiado.
Neste exato momento, existem
pessoas sendo exploradas desumanamente na extração dos metais utilizados para
fabricar os componentes do computador que está usando, outros tantos mortos de
cansaço em uma linha de montagem ganhando centavos por hora trabalhada, tudo
isso pra que a maioria das pessoas utilize computadores e outras inovações
tecnológicas de forma irresponsável, para gerar alienação, ficar o dia todo nas
redes sociais e sites de fofocas (quando não os pornográficos), ao invés de
usar as ferramentas que tem à sua disposição para mobilizar o povo para transformar
sua realidade, para melhor.
Qual será o seu papel nessa
história?
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