Cabral, o PSDB e as privatizações no Rio.

Quem é usuário dos serviços públicos do Estado do Rio, sabe da atual situação de vergonha em sua execução. Barcas à deriva, trens avariados, ônibus caros, serviço de energia deficiente... Tudo isso em meio à "privataria tucana", termo já consagrado pelo livro homônimo, período em que passamos pelo governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). Saliento aqui que as privatizações do governo FHC não aconteceram somente no âmbito federal, com a venda da Vale do Rio Doce, por exemplo, mas ocorreu também nos estados, principalmente os governados pela aliança PSDB-PFL, base de FHC. Enumero aqui algumas empresas fluminenses extintas, vendidas ou concedidas durante o governo Marcello Alencar (1995-1998), eleito governador pelo PSDB em meio à "febre" do plano Real:
1 - Light Serviços de Eletricidade, comprada em 1996 pelo consórcio encabeçado pela francesa EDF;
2 - Companhia de Eletricidade do Estado do Rio de Janeiro (CERJ), atual Ampla, vendida em 1996 e controlada majoritariamente pela espanhola Endesa;
3 - Companhia de Navegação do Estado do Rio de Janeiro (CONERJ), atual Barcas S/A, concedida em 1998 a um grupo formado por empresas como Viação 1001 e a construtora Andrade Gutierrez;
4 - Companhia Fluminense de Trens Urbanos (Flumitrens), concedida em 1998 ao consórcio Supervia, atualmente controlado pelo Grupo Odebrecht;
5 - Companhia do Metropolitano do Rio de Janeiro (Metrô Rio), concedido em 1998 ao banco Opportunity, do banqueiro Daniel Dantas, através do consórcio OpporTrans;
6 - Banco do Estado do Rio de Janeiro (BANERJ) e BANERJ Seguros, vendidos em 1997 ao Banco Itaú;
7 - CIFERAL, fabricante e montadora de carrocerias de ônibus, primeira empresa a ser vendida após o Programa Estadual de Desestatização (PDE), de 1995. Atualmente não existe mais, tendo sido incorporada à Marcopolo;
6 - Companhia Estadual de Gás (CEG) e RioGás, vendidas em 1997 ao Consórcio CEG-Rio, constituído por diversas empresas, dentre elas a Natrontec;
7 - Terminal Garagem Menezes Côrtes (TGMC), administrado pela CODERTE, vendido em 1998;
8 - Companhia de Transportes Coletivos (CTC) e Empresa Estadual de Viação (SERVE), que tiveram suas linhas entregues às empresas privadas, e entraram em processo de liquidação.

Todas essas privatizações foram promovidas através da Lei Nº 2.470 (Programa Estadual de Desestatização - PED), mensagem do Executivo aprovada pela Assembléia Legislativa, em 28 de novembro de 1995. À época o presidente da ALERJ era ninguém mais, ninguém menos que o Sérgio Cabral, atual governador do estado. Cabral havia sido eleito deputado estadual pela legenda do PSDB, e era um dos homens de confiança de Marcello Alencar.
Em 1996, Cabral foi indicado pelo então governador para ser o candidato do partido à prefeitura do Rio de Janeiro, competindo com Miro Teixeira (PDT), Chico Alencar (PT) e Luiz Paulo Conde (PFL), sendo derrotado por este último no 2º turno.
Cabral foi peça importante no processo de privatizações de empresas públicas do Rio de Janeiro, sendo um dos principais articuladores do PED, tendo sido inclusive presidente da ALERJ durante todo o mandato de Marcello Alencar.
Muitos não lembram, mas quem hoje vê as obscuras relações do agora governador Cabral com empreiteiras e concessionárias de serviços públicos, chega à conclusão que essas mesmas relações não vem de agora, mas de décadas atrás, momento em que o patrimônio público fluminense foi dilapidado e entregue a grupos financeiros nacionais e internacionais.
Ao ver hoje a Light, Ampla, Barcas e outras empresas prestando um péssimo serviço à população, lembre-se: o governador Sérgio Cabral tem sua parcela de culpa nisso tudo. No caso dele, a História não o absolveu, nem absolverá.

Comentários

Yco disse…
Ok, Guilherme! Mas a Light existe desde o início do século passado no Rio... sempre soube disso e agora a wikipedia vem confirmar... Há braços!
Bom dia, Yuri. A Light era uma empresa privada, que posteriormente foi estatizada, e novamente privatizada no episódio que relato na postagem.

Há braços!