Recriaram o PSD. Resta saber pra quê...

Nos últimos dias, espalhou-se rapidamente a notícia de que o prefeito paulistano Gilberto Kassab saiu do DEM, carregando mais alguns políticos do partido, como Guilherme Afif Domingos, além de quadros de outros partidos, como PP e PSDB.
A ideia inicial era criar um partido, o PDB (Partido da Democracia Brasileira), para depois incorporá-lo ao PSB. Dessa maneira, Kassab poderia mudar de partido sem perder o mandato, pois estaria criando uma nova lagenda, e, a partir daí, o prefeito estaria credenciado a disputar o governo de São Paulo.
Pelo DEM, ele teria muitas dificuldades, a começar pela aproximação do partido com o PSDB de Serra-Alckmin, por mais que as relações entre ambos não seja das melhores.
Só que o fato ganhou mais exposição na mídia do que se pensava. O PDB, que seria zoado como "Partido Da Boquinha", teve seu nome alterado para PSD (Partido Social Democrático). E Kassab, que se surpreendeu com a provável adesão de muitos políticos da oposição que estão "migrando" para a base, deixou de lado a ideia de se fundir ao PSB. Kassab quer que o PSD dispute as eleições de 2012, e depois do pleito ele vai ver o que faz com a sigla.
O grupo de Kassab gostou da ideia de "recriar" o PSD, partido criado em 1945 pelo presidente Getúlio Vargas, que congregava burocratas, empresários e algumas lideranças históricas, dentre elas o Marechal Lott, Tancredo Neves, Ulysses Guimarães e Juscelino Kubitschek, talvez o maior expoente do PSD (vale ressaltar que Vargas também criou o PTB, com o qual teve mais identificação).
O antigo Partido Social Democrático foi extinto em 1965, pelo Ato Institucional nº 2 da ditadura militar, que extinguiu o PSD e todos os outros partidos existentes. Já na década de 80, o PSD foi "recriado", com o nº eleitoral 41. Sua existência foi tão pífia que nos anos 2000 foi incorporado pelo PTB. Não o de Vargas, mas do Roberto Jefferson...
Agora, Kassab e seus aliados aproveitam-se de uma sigla histórica que durante décadas teve vital importância para o Brasil para um único objetivo: pedir voto. A verdade é essa. Desde o início, a negociação foi para criar um partido para Kassab disputar o governo de São Paulo. Só que a missão é mais difícil do que se imaginava, pois a burocracia para a criação de uma legenda é monstruosa. Ele pediu apoio a políticos de outros estados e eles... toparam! Mas por quê? Porque a legenda nasce de um oportunismo, e não de uma ideologia ou de um projeto eleitoral sério, nacional. Espaço fértil para o fisiologismo.
Kassab começa a se aproximar do governo, e leva com ele várias figuras que tavam doidas para negociar com o PT. Todos sem espaço em seus partidos, em sua maioria na oposição e sem mandato... Fazer o quê? O jeito é debandar.
É por essas e outras, que dia após dia, os políticos e partidos do Brasil perdem a credibilidade e o respeito da opinião pública. Partido político tem que ter sentido, aspirações sérias, bom senso. Tem que surgir de um clamor da sociedade, das necessidades de nosso povo, e não de meia dúzia.
Com todo o respeito, exponho apenas o meu ponto de vista. A mim isso não convence. O PSD do Kassab, que não é o do JK, nasce de uma vontade pessoal, e não do povo, fato esse que já o deslegitima como partido de verdadeira representação popular. É como tantos outros, que são criados e desaparecem, mudam de nome, mudam de cara, pois são manipulados de acordo com o que o marketeiro manda.
Aí que está: é o marketeiro, e não o povo brasileiro.

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